sábado, 27 de fevereiro de 2010

Martha Medeiros

Primeiro, Informações:

Filha de José Bernardo Barreto de Medeiros e Isabel Mattos de Medeiros, é colunista do jornal Zero Hora de Porto Alegre, e de O Globo, do Rio de Janeiro. Casou-se com o publicitário Luiz Telmo de Oliveira Ramos e tem duas filhas. Estudou no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, tradicional de Porto Alegre, localizado nos arredores do bairro Moinhos de Vento. Formou-se em 1982 na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre.

Trabalhou em propaganda e publicidade, mas logo se sentiu frustrada com a carreira. Quando seu marido recebeu uma proposta de trabalho no Chile, decidiu que uma mudança de país seria uma ótima oportunidade para dar um tempo na profissão. Esta estada de nove meses no Chile, na qual passou escrevendo poesia, acabou sendo um divisor de águas na sua vida. Quando voltou para Porto Alegre, começou a escrever crônicas para jornal e, a partir daí, sua carreira literária deslanchou.




Eu aprecio muito as obras e crônicas escritas por Martha Medeiros.
São um tipo de leitura simples,mas esta simplicidade não implica que seja uma leitura ruim ou sem conteúdo.
São textos falando da rotina, da vida, muitas coisas que as vezes até pensamos e não falamos, pensamos mas não achamos, pensamos e esquecemos, ou pensamos e nos fazemos esquecer, ou simplesmente fingimos que não pensamos.
É com uma sutileza que ela escreve e fala de coisas sérias(considerada realmente sérias para a maioria das mulheres) com um tom de graça e uma ironia saudável.As frustrações se tornam até divertidas, e dá até para rir-se um pouco de si mesma.

Obras publicadas:

Strip-Tease (1985),
Meia noite e um quarto (1987)
Persona non grata (1991)
De Cara Lavada (1995)
Poesia Reunida (1998)
Geração Bivolt (1995)
"Coisas da Vida" (1995)
Topless (1997)
Santiago do Chile (1996).
Trem-Bala (1999) - Livro de crônicas já na nona edição, adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke.
Non Stop (2000)
Cartas Extraviadas e Outros Poemas (2000)
Divã (2002) - O livro deu origem a uma peça e depois a um filme, ambos estrelados pela a atriz Lilia Cabral, no papel de Mercedes.
Montanha-Russa (2003)
Esquisita como Eu (2004) - Infantil
Selma e Sinatra (2005)
Tudo que Eu Queria te Dizer (2007)
Doidas e Santas (2008)


*Trechos*


Tda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá prá ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos.

Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota.

Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra.
"
Doidas e Santas



E um poema que gosto e me identifico muito:



Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.


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